Perdição

Still Life with Cherries | P. Gauguin, 1886

Entrei em uma sala onde todos estavam com razão
Procurei a porta para sair
Não era chato aquela ordem
A chata era eu
Que só podia ver uma razão de cada vez

O cômodo era branco e brilhante
Se estendia como um queijo enquanto sovado
O soro derramado era o amargor que eu sentia
Por querer ver o fim que me machucaria

Parece que alguém está ansiosa pela sobremesa
Enquanto come o prato principal
Tentando explicar o que não pode ser explicado
Eu continuo a pensar e comer por unidade

A massa cheia de furos se apresentava em uma união de organismos complexos
Que ficavam abraçadinhos, às vezes
Em outras, se mordiam
Quanto mais era puxado, ao terminar
Fazia você pensar na próxima refeição

Em tamanho paradoxo fui colocada
O infinito era a solução de minhas dores
Mas ao mesmo tempo ele era a razão para toda essa momentaniedade acontecer
Filhos do mesmo pai
Eu já não sei mais o que temer

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